terça-feira, 27 de outubro de 2009

Proibidos no campo, cartazes cristãos tomam conta das arquibancadas

     FORT OGLETHORPE - Em resposta aos ataques do dia 11 de setembro de 2001, as animadoras de torcida de futebol americano de uma escola secundária pública de Fort Oglethorpe, nos EUA, quiseram fazer a Bíblia mais presente nos jogos das noites de sexta-feira.

     Assim, para a alegria dos fãs, elas pintaram cartazes com dizeres como "Se Entregue ao Senhor", que os jogadores carregavam pelo campo.
     Aquela tradição de oito anos acabou no mês passado depois que uma mãe expressou preocupação de que a ação das líderes de torcida pudesse incitar uma ação penal, citando a Primeira Emenda da constituição americana. Igreja e Estado não estavam suficientemente separados nesta questão, o distrito escolar concordou, e os cartazes foram proibidos no campo.
     Agora, um mês depois, a nova política gerou um resultado inesperado: mais versos bíblicos do que nunca nos jogos de futebol americano, exibidos não pelas animadoras de torcida, mas mas por torcedores nas arquibancadas.


                                        Pais agora mostram cartazes religiosos no estádio / NYT
    
     Assustada e espantada com a política do distrito, esta cidade de 9.600 pessoas decidiu entrar para a causa e tomar os pôsteres das animadoras.
     Chamando a si mesmos de Warriors for Christ (Guerreiros para Cristo, em tradução literal), um trocadilho com o nome do time da escola conhecido como Warriors, os torcedores realizaram comícios em igrejas e em um campo de pólo local e venderam mais de 1.600 camisetas com passagens de Deuteronômio e Timóteo.
     Em noites de jogo, o estádio da escola Lakeview-Fort Oglethorpe High, ao sul de Chattanooga, é tomado por cartazes com frases como "Vocês Não Podem Nos Calar" e "Vivendo a Fé em Voz Alta", ao lado de versos bíblicos.
     As 15 animadoras de torcida da esquadra, a maioria da religião batista, haviam pintado suas bandeiras com versos do Novo Testamento como "Eu sigo a caminho do objetivo para conseguir o prêmio pelo qual Deus me chamou em Jesus Cristo".
     Mas depois que a escola for alertada a respeito do risco de um processo judicial, a diretoria proibiu as bandeiras, atraindo a atenção da mídia.
     A mãe que contatou a escola, Donna Jackson, é pós-graduada pela Universidade de Liberty, uma instituição evangélica de Virgínia fundada pelo Reverendo Jerry Falwell. Jackson, que estudou Direito, disse que estava apenas tentando proteger a escola contra um litígio.
     Charles C. Haynes, estudioso sênior da Primeira Emenda em Washington, disse que os manifestantes têm inadvertidamente agido como atores do próprio mecanismo da Primeira Emenda: eles não conseguiram inverter a proibição, mas promoveram o cristianismo dentro de limites constitucionais.
     "Eles provaram que Jefferson e Madison fizeram a coisa certa", ele disse. "É uma lembrança da diferença entre a religião que é patrocinada pelo Estado e a religião que é vital, voluntária e robusta".- ROBBIE BROWN

27/10 - 08:50 - The New York Times